O Festival de Parintins 2025 promete ser mais uma vez palco da disputa mais inusitada da Amazônia: a guerra dos guindastes. Entre o vermelho e o azul, a rivalidade agora também se desenrola a 40 metros de altura, numa batalha onde cada tonelada importa e cada metro de lança vira motivo de provocação nas redes sociais.
O Drama do Caprichoso: Entre o Sim e o Não ao Gigante de Aço
A temporada de 2025 começou com uma reviravolta digna de novela amazônica. O Boi Caprichoso, que em fevereiro havia confirmado categoricamente que não utilizaria guindaste no Festival Folclórico de Parintins 2025 por determinação do Corpo de Bombeiros e Ministério Público, mudou completamente de ideia poucos meses depois.
O presidente Rossy Amoedo chegou a comentar que não sabia se era uma notícia boa ou ruim, já que sem o guindaste economizariam cerca de R$ 2 milhões que seriam direcionados à Escolinha de Artes do Caprichoso.
Mas como dizem na ilha, “o boi que não quer morrer inventa jeito de ressuscitar”. Em junho, lá estava o famoso Terex AC 500 toneladas desembarcando no Porto Dodó Carvalho, sob chuva torrencial e festa da torcida azulada. O equipamento, carinhosamente apelidado pelos torcedores de “terror do rexé”, chegou com uma missão clara: mexer com o psicológico dos rivais.
A Resposta Vermelha: David Contra Golias de Aço
Não demorou muito para o Garantido dar sua resposta à altura. Ou melhor, à “baixura”. Enquanto o Caprichoso ostentava seu gigante de 500 toneladas, o boi da Baixa do São José optou por uma estratégia diferente: trouxe três guindastes menores de 30 toneladas cada.
O artista Sorin Sena explicou a filosofia garantidista com bom humor: como o boi estava muito grande, tiveram que abrir mão de um guindaste maior e trazer vários menores, trabalhando com pé no chão. A matemática é simples: três guindastes de 30 toneladas versus um de 500. É como levar três canoas para enfrentar um navio, mas com muito mais estilo.
A História Que Subiu nas Alturas
A “guerra dos guindastes” não é novidade no Festival de Parintins. O uso desses equipamentos começou a ganhar destaque principalmente a partir de 2017, quando o Caprichoso começou a investir pesadamente em tecnologia para suas apresentações, sendo pioneiro em trazer hologramas projetados no meio do Bumbódromo e efeitos aéreos através de guindastes.
Em 2022, a rivalidade ganhou novos contornos quando ambos os bois passaram a usar guindastes simultaneamente. O detalhe curioso é que a empresa Tomiasi do Grupo Chibatão é a mesma que fornece equipamentos para ambos os bois. Como comentou filosoficamente um operador: estão ali para fazer o trabalho bem feito e dar todo apoio necessário aos bois. É a Suíça dos guindastes amazônicos: neutra e eficiente.
As Provocações Que Voam Alto
A rivalidade nas redes sociais virou espetáculo à parte. Torcedores ironizavam que “guindaste não ganha festival”, enquanto a resposta azulada não demorava: se guindaste não é item, por que os rivais também têm guindaste?
O apresentador Israel Paulain, do Garantido, chegou a mandar um recado direto: “O Garantido não precisa de guindaste para se sustentar, quem carrega o boi é sua torcida”. A frase virou meme instantâneo e mostrou que a guerra psicológica também acontece a metros do chão.
2025: O Retorno Triunfal
Este ano, o Caprichoso não quis correr riscos e se antecipou. Os equipamentos chegaram com pompa e circunstância: um guindaste Dacia C500, dois R 780, máquinas manipuladoras, carretas com lanças, caminhões munck e empilhadeiras. É praticamente uma construtora inteira dedicada ao espetáculo.
O Garantido manteve sua filosofia de “menos é mais” com seus três guindastes de 30 toneladas. Como disse o diretor de arena Ito Teixeira: o Garantido estava muito grande e por causa da demanda deste ano, trouxeram mais equipamentos de qualidade.
Conclusão: Subindo nas Tamancas da Rivalidade
A guerra dos guindastes em Parintins 2025 prova que a criatividade amazônica não tem limites. Entre o gigante de 500 toneladas do Caprichoso e a tríade de 30 toneladas do Garantido, o que realmente importa é que ambos os bois continuam elevando o nível do espetáculo – literalmente.
No final, não importa se o guindaste tem 500 ou 30 toneladas, se é um ou são três. O que vale é a paixão que move essas máquinas e as pessoas que as operam. Como bem definiu um torcedor: “É a única guerra do mundo onde quem ganha é quem consegue subir mais alto sem sair do chão”. E que continue a disputa pelos ares, porque lá embaixo, na arena, a magia acontece do mesmo jeito: com muito coração amazônico e aquela pitada de loucura que só Parintins sabe fazer.
